22 de novembro de 2007

Caminhando

Ontem eu estava refletindo sobre como a vida é interessante em certos momentos (ou seria sempre?). Pensei em um grupo de pessoas que se reúnem de tempos em tempos e se autodenomina “instituição”. Refleti sobre algo engraçado: pessoas dentro de um objetivo comum mas todos procurando fazer seus próprios caminhos para atingi-lo. É como estivessem dentro de um labirinto, onde há apenas uma porta de saída. Cada uma das pessoas do grupo sabe onde deve chegar, pois lhes é indicado à direção. E o que devem fazer, pois são dadas instruções adequadas, cada pessoa tem suas convicções e partem em direção à saída. De tempos em tempos surgem às encruzilhadas, desta forma, lhes sobrevêm dúvidas, medos e frustrações, o que geralmente torna difícil qualquer decisão a favor de si.
Nesse estágio, alguns se desesperam por não saber mais o que fazer, ficam imóveis diante da vida e não conseguem dar nem um só passo, são os que entendem ter entrado em um caminho sem saída e que não há mais volta. Outros não percebem que há anos estão passando pelos mesmos lugares e que se fosse possível mostrar-lhes de uma perspectiva externa veriam que não fazem outra coisa senão caminhar em círculos. Há ainda os que dizem saber o “melhor” caminho e pretende convencer os outros de que estão caminhando de maneira errada. O que todos eles têm em comum e que nem sempre tomam conhecimento é que estão em igual situação, ou seja, estão no labirinto. Mas há também os que simplesmente caminham sem muitas pretensões ou aspirações, eles entendem que o mais importante é caminhar, não importa quão escaldante esteja o sol ou furiosa a tempestade, sua existência depende do simples ato de caminhar, a diferença destes para aqueles é que de vez em quando se lembram de olhar para cima, aí percebem se estão ou não na direção certa. A escuridão de alguns trechos ou frieza das paredes não são capazes de lhes fazer esquecer que acima de suas cabeças existe a indicação do caminho certo.
Aí você pergunta: qual o sentido de tudo isso? Bem, o que posso lhe dizer é que existe no meio da cristandade algo chamado instituição com sua religiosidade, legalismo e formas, ou seja, isso é o estético, o que todos vêem. A tendência geralmente é se frustrar com a instituição durante a caminhada. Isso tem causado expressões do tipo: “estou decepcionado com a igreja”, ou ainda, “a instituição chamada igreja está falida”. Porém no meio da cristandade há aqueles que caminham olhando para o maior caminhante que já houve entre a humanidade; Jesus Cristo. Estes entendem que o melhor é caminhar, não se deixam frustrar pela frieza dos “velhos detentores de Deus” e nem se frustram com a escuridão das imperfeições humanas. Estes de vez em quando se lembram de olhar para cima.
Lembro-me do dia em que desejei morrer porque era incompreendido por quem estava ao meu lado, não queriam refletir sobre a nossa caminhada, cheguei numa encruzilhada, fiquei perdido! Foi aí que me lembrei de olhar para cima. Hoje estou caminhando com o Eduardo Cruz, que além de mestre tem me mostrado a importância da caminhada. Sua vida, sua conduta e sua forma serena de ser tem me ensinado que na caminhada enfrentamos lutas e desafios, mas é importante continuar caminhando e olhando pra cima. Hoje sou grato a Deus por ter feito com que nossos caminhos convergissem em um só, de outra forma não sei se estaria escrevendo essas linhas. É verdade que às vezes fico angustiado durante o trajeto, principalmente quando quero caminhar sozinho, no entanto ele tem me ensinado que confiar em Jesus muito mais que pronunciar palavras é caminhar[a] com Ele. É ser compassivo, dar a outra face, perdoar e principalmente suportar ofensas com amor.[b]
Hoje, ainda há pessoas que não me compreendem[c], pensam que sou mais um daqueles “pretensiosos” que acham que são donos da verdade e conhecem o verdadeiro caminho. É incompreensível a eles perceberem que por fora nos parecemos com a “instituição”, mas por dentro somos muito diferentes e só conhece quem se dispõe a caminhar, pois se trata de um caminhar íntimo e pessoal com o maior de todos os caminhantes; Jesus Cristo. Não conto às vezes que continuo sendo incompreendido, mas agora eu já não desejo morrer. E a vida? Continua sendo interessante, principalmente para aqueles a encontram caminhando[d].
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[a] Provérbios Cap. 6: 22
[b] Mateus Cap.5: 1 - 48
[c] 1 Coríntios Cap. 1: 18
[d] João Cap. 14: 6