20 de abril de 2007

Regras

É impressionante a busca por fórmulas para resolvermos nossas falhas, estamos procurando algo que resolva, de uma forma fast-food nossas falhas e indisciplinas. Prova disso são os inúmeros livros de auto-ajuda, manuais para resolver os problemas do dia a dia.

É impressionante a busca por fórmulas para resolvermos nossas falhas, estamos procurando algo que resolva, de uma forma fast-food nossas falhas e indisciplinas. Prova disso são os inúmeros livros de auto-ajuda, manuais para resolver os problemas do dia a dia.

Não sou especialista em casamentos, meus curtos sete anos de casado não permitiriam tal atrevimento, mas não consigo imaginar um casamento em crise sendo salvo por um dos cônjuges com a simples aplicação de algumas regras.


Amo minha mãe (avó), ela é a razão de eu não ter me decepcionado com Deus, porque muitas coisas são feitas em nome de Deus, mas não são dele, e minha mãe me ensinou com clareza essa diferença. Falo isto porque cresci num meio bem tradicional (sectário?), cheio de fórmulas e regras. Sob a alegação de levar o individuo a santidade, certas práticas deveriam ser rigorosamente obedecidas, entre elas:

• Não jogar bola, ir a piscina ou qualquer movimento de lazer aos domingos, afinal, domingo é o dia do senhor.
• Barba, de jeito nenhum, devemos evitar a aparência do mal.
• Cinema. Nem pense nisso, afinal de contas um ambiente depravado desses, desvia qualquer um da fé cristã.
• Biquíni. Vou parar por aqui...

Cresci entre estas e outras incoerências, mas como já disse, minha mãe, através de sua vida, não permitiu que nada disso ofuscasse de meus olhos o encanto de seguir a Cristo.

Também lemos a bíblia com intenção de tirar dela conselhos práticos e de rápido efeito. Lembro que depois de ler a bíblia era preciso responder a duas perguntas: "Qual a verdade nova que descobri?" e "Como posso aplicar isso em minha vida?". Que dificuldade, aos 13 anos eu tentava com muita sinceridade descobrir por ano, 365 novas verdades na Bíblia, e aplicar isso todos os dias. Confesso que ainda não consegui essa proeza.

Mas seguir a Cristo é contar com a possibilidade de experimentar coisas novas, pois Ele tem prazer em renovar e libertar vidas. Eu experimentei essa novidade.

Lindo, libertador, impressionante.

Um novo caminhar surgiu para mim, assim como conheci um lugar que me apresentou à misericórdia divina.

Nessa nova dimensão de vida aprendi que:

• Não preciso mais guardar um dia para o Senhor, Jesus é o meu sábado, me abandono em seu abraço e descanso.

• Sou responsável direto por minhas decisões, tenho diante de meus olhos os valores do Reino, posso alicerçar minhas escolhas a partir desses valores. Ou não. Logo, a santidade será determinada pelos lugares que levo minha mente, e pelos desejos que cultivo no coração.

• Não preciso de fórmulas para dirigir meu casamento, preciso sim, todas os dias trazer a memória à aliança feita com minha esposa diante do meu Deus.

• Não preciso ler a bíblia com a preocupação de produzir regras, descobrir verdades, estipular métodos entre outras tarefas. Posso ler a Bíblia como li o cartão que recebi de minha e esposa e dos meus filhos em meu aniversário: "nós te amamos, não importa o que acontecer, nós sempre estaremos ao seu lado". É maravilhoso ler as escrituras com a convicção de que esse é o recado do Pai, do Filho e do Espírito para mim.

• Deus não esta preocupado com regras a respeito de barba, saia, calça, futebol e outras futilidades. Deus quer sim que seus filhos sejam piedosos, honrem os pais, cuidem dos órfãos e das viúvas, pratiquem a misericórdia e andem humildemente diante dEle. A vida com Deus é construída com atitudes nobres e não com regras pobres.

Quero até meu ultimo dia de vida praticar essa espiritualidade que não tem fórmulas e me relacionar com esse Deus que não espera resultados.